Zürcher Nachrichten - Dor e esperança antecedem julgamento em Londres sobre tragédia de Mariana

EUR -
AED 4.285655
AFN 80.585333
ALL 97.883599
AMD 448.395822
ANG 2.088209
AOA 1069.949538
ARS 1492.309671
AUD 1.778658
AWG 2.100812
AZN 1.986499
BAM 1.954474
BBD 2.357501
BDT 141.863764
BGN 1.952991
BHD 0.439913
BIF 3478.939996
BMD 1.166793
BND 1.495885
BOB 8.068527
BRL 6.52366
BSD 1.167608
BTN 100.172046
BWP 15.700349
BYN 3.821108
BYR 22869.15228
BZD 2.345309
CAD 1.597474
CDF 3367.365762
CHF 0.929847
CLF 0.029415
CLP 1128.790728
CNY 8.3627
CNH 8.374369
COP 4670.254269
CRC 588.900508
CUC 1.166793
CUP 30.920027
CVE 110.19025
CZK 24.672668
DJF 207.917174
DKK 7.463698
DOP 70.442214
DZD 151.638844
EGP 57.638898
ERN 17.501902
ETB 162.21216
FJD 2.62091
FKP 0.868514
GBP 0.86796
GEL 3.161763
GGP 0.868514
GHS 12.142763
GIP 0.868514
GMD 83.421787
GNF 10129.128715
GTQ 8.960921
GYD 244.182262
HKD 9.159276
HNL 30.54328
HRK 7.532934
HTG 153.306002
HUF 400.448222
IDR 18972.528762
ILS 3.90405
IMP 0.868514
INR 100.178963
IQD 1529.562393
IRR 49136.594396
ISK 142.395278
JEP 0.868514
JMD 186.593421
JOD 0.82729
JPY 172.597343
KES 150.854151
KGS 102.032122
KHR 4678.82603
KMF 492.678459
KPW 1050.141688
KRW 1610.962627
KWD 0.356514
KYD 0.97304
KZT 614.083425
LAK 25170.924829
LBP 104616.531405
LKR 351.531532
LRD 234.101193
LSL 20.780903
LTL 3.445238
LVL 0.705782
LYD 6.327707
MAD 10.52576
MDL 19.732614
MGA 5176.488432
MKD 61.518268
MMK 2449.896017
MNT 4182.776485
MOP 9.440896
MRU 46.399524
MUR 53.019357
MVR 17.967751
MWK 2024.626556
MXN 21.81834
MYR 4.949561
MZN 74.627934
NAD 20.780903
NGN 1787.597414
NIO 42.97085
NOK 11.871943
NPR 160.275274
NZD 1.947653
OMR 0.448641
PAB 1.167608
PEN 4.163376
PGK 4.829724
PHP 66.150769
PKR 332.29768
PLN 4.254777
PYG 9040.866958
QAR 4.256612
RON 5.078933
RSD 117.154252
RUB 91.157685
RWF 1687.155486
SAR 4.376312
SBD 9.707208
SCR 17.128014
SDG 700.659329
SEK 11.270406
SGD 1.495852
SHP 0.916916
SLE 26.245485
SLL 24467.080561
SOS 667.24736
SRD 43.411134
STD 24150.269365
SVC 10.21607
SYP 15170.474095
SZL 20.773908
THB 37.880537
TJS 11.162228
TMT 4.095445
TND 3.42008
TOP 2.732744
TRY 46.922483
TTD 7.926623
TWD 34.217435
TZS 3048.250908
UAH 48.826378
UGX 4185.160917
USD 1.166793
UYU 47.587718
UZS 14827.941187
VES 133.228891
VND 30497.064679
VUV 139.435505
WST 3.201935
XAF 655.512321
XAG 0.030477
XAU 0.000348
XCD 3.153318
XDR 0.815537
XOF 655.512321
XPF 119.331742
YER 281.605346
ZAR 20.7768
ZMK 10502.539484
ZMW 26.649922
ZWL 375.707026
Dor e esperança antecedem julgamento em Londres sobre tragédia de Mariana
Dor e esperança antecedem julgamento em Londres sobre tragédia de Mariana / foto: DOUGLAS MAGNO - AFP

Dor e esperança antecedem julgamento em Londres sobre tragédia de Mariana

A pequena Emanuele Vitória, de cinco anos, estava com o pai e o irmão em casa quando uma enxurrada incontrolável de lama soterrou Bento Rodrigues, distrito de Mariana, em Minas Gerais.

Tamanho do texto:

Seu corpo foi encontrado cinco dias depois a quilômetros dali.

"Parecia que nosso mundo estava acabando", conta à AFP sua mãe, Pamela Fernandes, ao lembrar os dias do pior desastre ambiental da história do Brasil.

A tragédia aconteceu em 5 de novembro de 2015, com o rompimento da barragem de rejeitos de minério de ferro da companhia Samarco, de copropriedade da brasileira Vale e da australiana BHP.

Na próxima segunda-feira, um mega-julgamento em Londres levará a BHP para o banco dos réus, em um processo que se anuncia longo.

Com o rompimento da barragem, vazaram 40 milhões de metros cúbicos de lama tóxica, um volume que daria para encher 12.000 piscinas olímpicas.

A enxurrada de cor ocre se avançou por uma dezena de povoados próximos à cidade histórica de Mariana. Mas atingiu sobretudo Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo.

Emanuele Vitória foi uma das 19 vítimas fatais da catástrofe.

Nove anos depois, seu rosto sorridente estampa a camiseta vestida por sua mãe, junto com a frase: "Não foi fatalidade, não foi destino. Foi crime".

O processo em Londres "é minha única esperança" de conseguir justiça "porque aqui no Brasil eu já perdi", suspira Pamela, de 30 anos, na casa onde mora hoje, em Cachoeira do Brumado, a 45 km de Bento Rodrigues.

"Uma coisa assim não pode ficar impune", acrescenta.

- Perder as raízes -

A enxurrada de rejeitos de minério altamente contaminantes arrastou pelo caminho as casas de mais de 600 pessoas.

Mauro Marcos da Silva perdeu a dele e a dos pais, onde sua família viveu por várias gerações.

"Literalmente nasci aqui", relata este mecânico robusto, de 55 anos, enquanto aponta para uma das paredes da antiga casa da família que ficaram de pé.

Hoje, em Bento Rodrigues há apenas ruínas tomadas pela vegetação e é proibido voltar a se estabelecer ou construir no povoado. Para Marcos, não poder voltar "é como se eles tivessem nos apunhalado e deixado o punhal cravado".

"Aqui estão minhas raízes, meus antepassados", diz. "O pertencimento, o vínculo com os amigos, com a família, isso o dinheiro não paga e não vai ser reconstruído em lugar algum".

A família de Mônica dos Santos também perdeu sua casa. Ela agora trabalha como assessora técnica de uma organização de defesa das vítimas.

Esta advogada de 39 anos não tem dúvidas de que na mineradora "sabiam que a barragem estava com problemas, sabiam o que precisava ser feito e simplesmente não fizeram".

Segundo ela, o acordo proposto no Brasil aos afetados "vai dar errado" porque "não teve nenhum atingido que sentou na mesa" para discuti-lo.

Por isso, ela tem muitas expectativas sobre o processo que começa na segunda-feira. "A gente espera muito, muito, muito que a justiça inglesa, que a corte inglesa faça o que a justiça brasileira não fez até o momento".

- Nove anos depois -

Na catástrofe de Mariana, o lamaçal invadiu o curso do rio Doce e avançou por 670 km até o Atlântico, acabando completamente com o ecossistema fluvial.

As atividades econômicas vinculadas ao rio também morreram e pelo menos 6.000 famílias de pescadores ficaram sem sustento.

Uma equipe de cientistas constatou recentemente contaminação por metais procedentes do vazamento na foz do rio Doce e no litoral do Espírito Santo e no sul da Bahia.

Entre os animais afetados há peixes, aves, tartarugas, botos e até mesmo baleias, segundo um informe divulgado em setembro pelo governo.

Em Londres, a ação reivindica da BHP 35 bilhões de libras (US$ 45,7 bilhões, aproximadamente R$ 260 bilhões).

São 620.000 demandantes, entre eles comunidades indígenas, municípios, empresas e instituições religiosas.

A BHP assegura que mais de 200.000 já receberam indenizações e que a fundação Renova, que gerencia os programas de compensação e ajuda no Brasil, já pagou mais de 7,8 bilhões de dólares (cerca de R$ 44 bilhões).

Quase uma década depois, em um reassentamento para os afetados denominado Novo Bento Rodrigues, construído mais perto de Mariana, veem-se casas parcialmente inacabadas e ruas com caminhões de obra no lugar de carros de passeio.

A.Wyss--NZN