Zürcher Nachrichten - Desmatamento, um agravante das enchentes históricas no Rio Grande do Sul

EUR -
AED 4.301382
AFN 77.612591
ALL 96.515658
AMD 446.872497
ANG 2.096992
AOA 1074.026857
ARS 1697.419947
AUD 1.770923
AWG 2.11116
AZN 1.990506
BAM 1.956117
BBD 2.359183
BDT 143.25324
BGN 1.956117
BHD 0.441572
BIF 3463.361867
BMD 1.17124
BND 1.514246
BOB 8.094313
BRL 6.490187
BSD 1.17129
BTN 104.952027
BWP 16.475673
BYN 3.442558
BYR 22956.304237
BZD 2.355782
CAD 1.615574
CDF 2996.619849
CHF 0.937644
CLF 0.027188
CLP 1066.578527
CNY 8.246642
CNH 8.24023
COP 4521.233487
CRC 584.994905
CUC 1.17124
CUP 31.03786
CVE 110.282891
CZK 24.323841
DJF 208.583839
DKK 7.472623
DOP 73.371903
DZD 152.342715
EGP 55.873064
ERN 17.5686
ETB 181.967121
FJD 2.674758
FKP 0.875394
GBP 0.880996
GEL 3.144811
GGP 0.875394
GHS 13.453183
GIP 0.875394
GMD 85.500068
GNF 10238.661034
GTQ 8.975456
GYD 245.059756
HKD 9.144454
HNL 30.858006
HRK 7.536231
HTG 153.574915
HUF 386.433658
IDR 19556.194482
ILS 3.756225
IMP 0.875394
INR 104.916756
IQD 1534.448936
IRR 49309.203978
ISK 147.143143
JEP 0.875394
JMD 187.420406
JOD 0.83038
JPY 184.4527
KES 150.984494
KGS 102.424761
KHR 4700.762612
KMF 491.921044
KPW 1054.115738
KRW 1728.422228
KWD 0.359839
KYD 0.976158
KZT 606.158338
LAK 25369.115672
LBP 104892.416862
LKR 362.658835
LRD 207.323634
LSL 19.649688
LTL 3.458367
LVL 0.708471
LYD 6.34903
MAD 10.736642
MDL 19.830217
MGA 5326.864186
MKD 61.559987
MMK 2459.939985
MNT 4159.208977
MOP 9.388123
MRU 46.876605
MUR 54.053231
MVR 18.095992
MWK 2031.129513
MXN 21.126819
MYR 4.775164
MZN 74.835105
NAD 19.649688
NGN 1710.19733
NIO 43.106993
NOK 11.868808
NPR 167.923242
NZD 2.036614
OMR 0.451423
PAB 1.17129
PEN 3.94454
PGK 4.982808
PHP 68.60069
PKR 328.176741
PLN 4.204629
PYG 7858.27486
QAR 4.270293
RON 5.077795
RSD 117.399046
RUB 94.265293
RWF 1705.476682
SAR 4.393298
SBD 9.541798
SCR 17.757881
SDG 704.57615
SEK 10.840933
SGD 1.514529
SHP 0.878733
SLE 28.16805
SLL 24560.321726
SOS 668.208405
SRD 45.024225
STD 24242.303527
STN 24.503975
SVC 10.248663
SYP 12952.112504
SZL 19.647187
THB 36.806238
TJS 10.793751
TMT 4.09934
TND 3.428556
TOP 2.820065
TRY 50.066418
TTD 7.95029
TWD 36.916193
TZS 2922.474118
UAH 49.526335
UGX 4189.679698
USD 1.17124
UYU 45.987461
UZS 14081.284429
VES 330.476672
VND 30818.252819
VUV 141.754875
WST 3.265216
XAF 656.063434
XAG 0.017438
XAU 0.00027
XCD 3.165334
XCG 2.111042
XDR 0.815932
XOF 656.063434
XPF 119.331742
YER 279.230391
ZAR 19.635845
ZMK 10542.568415
ZMW 26.501299
ZWL 377.138806
Desmatamento, um agravante das enchentes históricas no Rio Grande do Sul
Desmatamento, um agravante das enchentes históricas no Rio Grande do Sul / foto: Nelson ALMEIDA - AFP/Arquivos

Desmatamento, um agravante das enchentes históricas no Rio Grande do Sul

O desmatamento, em grande parte relacionado ao cultivo da soja, contribuiu para a gravidade das enchentes devastadoras no Rio Grande do Sul, pois a vegetação nativa desempenha um papel-chave na retenção da água, coincidem especialistas, que defendem a recomposição da mata.

Tamanho do texto:

O estado gaúcho viveu nas últimas semanas um desastre climático inédito, com áreas urbanas e rurais devastadas por rios que transbordaram por causa dos grandes volumes de chuva.

Foi o quarto e o pior evento climático extremo registrado na região em menos de um ano, um fenômeno que cientistas relacionam ao aquecimento global, mas também ao desmatamento praticado nas últimas décadas na região.

"Tem um fenômeno global climático e um fenômeno regional, que é a perda da vegetação nativa. E isso aumentou a intensidade das enchentes", explica à AFP o biólogo Eduardo Vélez, do MapBiomas, consórcio climático de ONGs e universidades brasileiras.

Entre 1985 e 2022, o Rio Grande do Sul, um motor da economia nacional graças à atividade agropecuária, perdeu 3,6 milhões de hectares de vegetação nativa, cerca de 22%, segundo um estudo da rede chefiado por Vélez.

A vegetação, majoritariamente de arbustos, perdeu terreno para áreas de cultivo, especialmente de soja, cereal do qual o Brasil é o primeiro produtor e exportador mundial.

Também se desmatou para estender os campos de arroz ou a silvicultura, baseada na monocultura de árvores como pinheiros e eucaliptos para exploração econômica, aponta o estudo publicado este mês com base em dados compilados por satélite.

- Caminho livre para a água -

Esta perda fez que, com as chuvas intensas, a água corresse mais livremente porque a mata nativa "assegura sua infiltração no solo" e evita que haja um acúmulo na superfície, diz Jaqueline Sordi, bióloga e jornalista especializada em mudanças climáticas radicada na região.

Além disso, a vegetação atua como uma camada protetora do solo, ao impedir que a água o arraste.

A cor amarronzada da água que inundou 90% dos municípios gaúchos, inclusive a capital, Porto Alegre, evidencia "as toneladas e toneladas de solo que foram perdidas", explica Vélez.

Esta lama se acumula agora nos leitos dos rios, somando-se à terra já depositada com as enchentes dos últimos tempos.

Isto, por sua vez, faz com que os cursos d'água percam profundidade e, consequentemente, que as cheias ocorram com mais facilidade quando chove forte, em um ciclo vicioso.

- Reflorestar -

Recuperar a vegetação nativa é chave para conter as novas inundações, que vão se agravar e tornar mais frequentes com as mudanças climáticas, destacam os especialistas.

"Além das medidas de deslocação da população" que vive em áreas de risco e da "reconstrução da infraestrutura, é muito importante que se tenha políticas de recomposição da vegetação nativa", afirma Velez.

O Instituto Escolhas, especializado em desenvolvimento sustentável, estimou, em um estudo do ano passado, que o Rio Grande do Sul deveria reflorestar 1,16 milhão de hectares de forma "urgente" para que a floresta desempenhe suas funções ambientais.

Para Vélez, não existe atualmente nenhuma iniciativa "de fôlego" neste sentido no Rio Grande do Sul, que em 2023 assinou com outros estados do sul e do sudeste do Brasil um pacto para reflorestar 90 mil hectares de vegetação até 2026.

- 'Abrir os olhos' -

Em nível federal, afirma Sordi, a situação piorou durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (2019-2022), grande aliado dos interesses do agronegócio e cético das mudanças climáticas.

Neste período, "houve uma facilidade de licenciamentos e o Rio Grande do Sul foi protagonista. Criou-se uma espécie de licenciamento automático" de desmatamento para cultivos, "em que não se precisa nem de estudos independentes" sobre o meio ambiente, explica.

O vereador Sandro Fantinel (PL), de Caxias do Sul, gerou polêmica na semana passada ao defender a derrubada de árvores "cinco metros para cada lado" das principais rodovias do interior do estado porque, segundo ele, com as raízes encharcadas e seu peso, provocam desmoronamentos.

Para Sordi, desastres como o atual têm o potencial de "abrir os olhos" da sociedade para a ciência e seus "sinais". "Às vezes a gente só presta atenção quando o problema chega".

L.Zimmermann--NZN