Zürcher Nachrichten - Sebastião Salgado, o fotojornalismo elevado ao status de obra de arte

EUR -
AED 4.25245
AFN 81.634891
ALL 98.875812
AMD 447.058493
ANG 2.07228
AOA 1061.833725
ARS 1356.394785
AUD 1.793194
AWG 2.087191
AZN 1.966047
BAM 1.97426
BBD 2.336245
BDT 141.513209
BGN 1.956338
BHD 0.436897
BIF 3404.35022
BMD 1.157942
BND 1.496512
BOB 8.024133
BRL 6.364088
BSD 1.15712
BTN 100.367782
BWP 15.647514
BYN 3.786656
BYR 22695.668133
BZD 2.324263
CAD 1.59026
CDF 3331.400129
CHF 0.941336
CLF 0.028609
CLP 1097.845556
CNY 8.313446
CNH 8.310505
COP 4729.036156
CRC 584.573584
CUC 1.157942
CUP 30.68547
CVE 110.728203
CZK 24.838329
DJF 205.789603
DKK 7.459064
DOP 68.839617
DZD 150.685992
EGP 58.681069
ERN 17.369134
ETB 155.8305
FJD 2.614576
FKP 0.859753
GBP 0.856523
GEL 3.149574
GGP 0.859753
GHS 11.926544
GIP 0.859753
GMD 82.791874
GNF 10021.990287
GTQ 8.90224
GYD 242.076655
HKD 9.089617
HNL 30.219566
HRK 7.535072
HTG 151.870049
HUF 402.882599
IDR 19076.867008
ILS 3.989238
IMP 0.859753
INR 99.944485
IQD 1516.90435
IRR 48778.317571
ISK 142.403553
JEP 0.859753
JMD 184.444636
JOD 0.821004
JPY 169.173627
KES 149.94903
KGS 101.219904
KHR 4654.928134
KMF 495.005897
KPW 1042.147474
KRW 1582.964823
KWD 0.354226
KYD 0.964228
KZT 604.358841
LAK 24988.394146
LBP 103751.626118
LKR 348.16853
LRD 231.237192
LSL 20.831717
LTL 3.419102
LVL 0.700428
LYD 6.293449
MAD 10.5778
MDL 19.879136
MGA 5144.166781
MKD 61.547345
MMK 2431.403661
MNT 4149.016195
MOP 9.356105
MRU 45.993364
MUR 52.906946
MVR 17.838163
MWK 2010.187335
MXN 22.148598
MYR 4.92415
MZN 74.06197
NAD 20.831433
NGN 1795.400311
NIO 42.578124
NOK 11.681495
NPR 160.588652
NZD 1.937476
OMR 0.445227
PAB 1.157034
PEN 4.169738
PGK 4.767579
PHP 66.241821
PKR 328.450089
PLN 4.274187
PYG 9235.354486
QAR 4.215492
RON 5.046539
RSD 117.250882
RUB 90.897492
RWF 1658.752276
SAR 4.344746
SBD 9.657735
SCR 16.394774
SDG 695.344583
SEK 11.118926
SGD 1.487728
SHP 0.909961
SLE 25.995777
SLL 24281.47429
SOS 661.768082
SRD 44.975657
STD 23967.066734
SVC 10.12467
SYP 15055.425145
SZL 20.831062
THB 37.922235
TJS 11.426188
TMT 4.052798
TND 3.384954
TOP 2.712013
TRY 45.977985
TTD 7.86363
TWD 34.377334
TZS 3120.654236
UAH 48.489901
UGX 4175.038382
USD 1.157942
UYU 47.302297
UZS 14460.209095
VES 119.970715
VND 30355.456128
VUV 138.845179
WST 3.194311
XAF 662.157027
XAG 0.032074
XAU 0.000344
XCD 3.129397
XDR 0.822142
XOF 660.603861
XPF 119.331742
YER 280.974428
ZAR 20.710494
ZMK 10422.873909
ZMW 26.884732
ZWL 372.856933
Sebastião Salgado, o fotojornalismo elevado ao status de obra de arte
Sebastião Salgado, o fotojornalismo elevado ao status de obra de arte / foto: JOEL SAGET - AFP

Sebastião Salgado, o fotojornalismo elevado ao status de obra de arte

O fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, falecido, nesta sexta-feira (23), aos 81 anos, imortalizou durante cinco décadas o pior e o melhor do planeta: dos remotos tesouros naturais às calamidades humanas, com um estilo inconfundível que aliou beleza e engajamento.

Tamanho do texto:

Autodidata, Salgado, que também tinha a nacionalidade francesa, deixa um testemunho icônico de centenas de viagens, publicado tanto em grandes revistas, como "Life" e "Time", quanto exibido em museus de capitais como Paris, onde viveu boa parte de sua vida.

De Ruanda à Guatemala, passando por Indonésia e Bangladesh, o brasileiro fotografou situações de fome, guerras, êxodos e exploração do trabalho no Terceiro Mundo, com um olhar empático e não condescendente "de quem vem da mesma parte do mundo", como costumava dizer.

Seu universo em preto e branco, de estética elegante, também foi uma celebração das paisagens mais belas, como os 'rios voadores' da Amazônia, e ao mesmo tempo um alerta da necessidade de protegê-las diante da emergência climática.

Salgado recebeu prêmios de prestígio, como o Príncipe de Astúrias e o Prêmio Internacional da Fundação Hasselblad, e foi protagonista do documentário indicado ao Oscar "O Sal da Terra", de Wim Wenders, sobre suas viagens a locais remotos como o Círculo Polar Ártico e Papua Nova Guiné, que alimentaram seu livro, "Gênesis" (2013).

- África, Reagan e minas -

Nascido em 8 de fevereiro de 1944 na cidade de Aimorés, zona rural de Minas Gerais, Salgado criou-se com sete irmãs na fazenda de seu pai, um criador de gado. Da infância em uma terra onde visitar um amigo demandava dias de viagem, ele disse ter aprendido a paciência, primordial para um fotógrafo que deve saber esperar "a fração de segundo" que quer captar.

Iniciou estudos em direito, mas em seguida mudou para Economia, com mestrado na Universidade de São Paulo. Militante de esquerda, mudou-se para a França em 1969, fugindo da ditadura no Brasil, ao lado de quem seria sua companheira de vida, Lélia Wanick.

Trabalhando na Organização Internacional do Café, Salgado viajava frequentemente para a África, onde começou a fotografar, após experimentar pela primeira vez em 1970 uma câmera que Lélia tinha comprado.

"Me dei conta de que as fotos davam mais prazer do que os informes econômicos", confessou.

Salgado descartou, então, uma polpuda oferta de trabalho no Banco Mundial, em Washington, para se dedicar à fotografia. Enquanto isso, Lélia criaria praticamente sozinha os dois filhos do casal: Juliano Ribeiro e Rodrigo, nascido com síndrome de Down.

A África, onde se sentia "em casa" pelo peso cultural do continente no Brasil desde os tempos da escravidão, foi tema de suas primeiras reportagens sobre secas e episódios de fome em países como Níger e Etiópia, o que lhe abriu as portas da lendária agência Magnum em 1979.

Com ela, foi em uma ocasião fotógrafo de uma 'breaking news' mundial: a tentativa de assassinato de Ronald Reagan em 1981, um evento que presenciou enquanto cobria um ato do presidente em um hotel, tendo tirado 76 fotos em 60 segundos.

Mas foi com seu primeiro livro, "Outras Américas" (1984), um retrato dos povos indígenas, que ele alcançou a fama, consagrada dois anos depois com as fotos da Serra Pelada (Pará), a maior mina de ouro do mundo a céu aberto, onde durante 35 dias conviveu com milhares de homens cobertos de lama e em condições desumanas.

Seguiu-se outra obra antológica, "Êxodos" (2000), sobre migrações forçadas em 40 países.

Alguns críticos o acusaram de adotar a "estética da miséria", mas Salgado os ignorou, mantendo a fé em seu trabalho.

- Bolsonaro na mira -

Antes de bater a foto, "é preciso estar ligado ao fenômeno", explicava Salgado, justificando o tempo dedicado a seus personagens, os quais retratava com as três câmeras Leica que levava penduradas no pescoço.

A fotografia é "minha maneira de vida. O que fotografo corresponde à minha ideologia, ao meu comportamento, à minha atividade humana e política, vai tudo junto", admitiu à AFP em 2022, ao apresentar em São Paulo sua exposição, "Amazônia", fruto de um trabalho de sete anos na maior floresta tropical do mundo.

Comprometido com a causa ambiental, Salgado foi um crítico ferrenho do ex-presidente ultradireitista Jair Bolsonaro (2019-2022) por sua política de abrir a Amazônia a atividades como a agricultura e a mineração.

Em seu estado natal, fundou ainda o Instituto Terra para regenerar as florestas e a biodiversidade, desaparecidas com o desmatamento, um projeto bem sucedido ao qual até 2022 tinham aderido cerca de 3.000 proprietários de terras.

Perguntado sobre o que aprendeu durante seu périplo planetário, Salgado resumiu em 2016: "Que existe uma coisa artificial que se chama fronteiras. Em todas as partes vi o mesmo ser humano. O estrangeiro não existe".

R.Schmid--NZN