Trump acusa Irã de protelar decisão sobre acordo nuclear / foto: WIN MCNAMEE - GETTY IMAGES/AFP/Arquivos
Trump acusa Irã de protelar decisão sobre acordo nuclear
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acusou o Irã, nesta quarta-feira (4), de protelar sua decisão sobre um acordo nuclear, depois que o líder supremo iraniano, Ali Khamenei, comentou que a proposta americana é contrária aos interesses do seu país.
Trump disse que conversou sobre o assunto com o presidente russo, Vladimir Putin, que se ofereceu para participar das conversas entre americanos e iranianos, segundo o republicano.
Inimigos há mais de quatro décadas, Irã e Estados Unidos realizaram cinco rodadas de negociações desde abril, mediadas por Omã, em uma tentativa de concluir um acordo que visa a impedir Teerã de desenvolver armas nucleares. Em troca, os Estados Unidos propõem a suspensão das sanções que paralisam a economia iraniana.
Autoridades do Irã disseram, no último sábado, que receberam "elementos" de uma proposta de acordo americana, sem dar detalhes.
- Resposta definitiva -
"Para mim, o Irã está protelando sua decisão sobre esse assunto tão importante, e precisaremos de uma resposta definitiva muito em breve", publicou o presidente americano na rede Truth Social.
Horas antes, Khamenei havia ressaltado que a proposta americana era contrária ao lema "Nós podemos", um dos pilares da Revolução Islâmica de 1979. O chanceler Abbas Araqchi, principal negociador do Irã, publicou hoje no X: "Sem enriquecimento, não existe acordo. Sem armas nucleares, temos um acordo".
Segundo relatório da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Teerã aumentou sua produção de urânio altamente enriquecido. O país é o único não possuidor de armas nucleares que enriquece urânio a um nível elevado (60%), muito acima do limite de 3,67% estabelecido pelo acordo nuclear multilateral assinado em 2015, ressaltou o órgão.
Trump alertou, nesta semana, que seu país não permitirá que o Irã enriqueça urânio, mas, para Teerã, isso representa uma linha vermelha.
"Se temos 100 centrais nucleares, mas não podemos enriquecê-las, elas não vão nos servir para nada", porque precisam de combustível para funcionar, argumentou Khamenei. "Se não pudermos produzir esse combustível localmente, teremos que recorrer aos Estados Unidos, que poderiam impor dezenas de condições".
A AIEA vai reunir, neste mês, em Viena, seu conselho de governadores, um encontro trimestral em que serão analisadas as atividades nucleares do Irã.
"Disse ao presidente Putin que o Irã não pode ter uma arma nuclear. Nisso, acho que concordamos", comentou hoje Trump, que acredita que o colega russo "poderia ser útil para obter uma conclusão rápida".
A.P.Huber--NZN
