Venezuela liberta 60 detidos após eleições
A Justiça da Venezuela libertou nesta quinta-feira 60 "presos políticos", entre eles uma médica condenada a uma pena de 30 anos por criticar o presidente Nicolás Maduro em mensagem no WhatsApp, informaram ONGs.
Os libertados haviam sido presos em meio à crise política desencadeada pela reeleição de Maduro em julho de 2024, marcada por denúncias de fraude feitas pela oposição. Protestos resultaram na prisão de cerca de 2.400 pessoas, que o presidente classificou como "terroristas".
Mais de 2.000 delas foram libertadas, segundo dados oficiais. Entre elas está a médica Marggie Orozco, 65, presa em agosto de 2024 e condenada à pena máxima por "traição à pátria, incitação ao ódio e conspiração", após criticar em mensagem de voz o governante de esquerda, informou à AFP a ONG Justiça, Encontro e Perdão.
As libertações começaram na madrugada desta quinta-feira, segundo o Comitê para a Liberdade dos Presos Políticos (Clippve). "Comemoramos a libertação de mais de 60 venezuelanos que jamais deveriam ter sido detidos arbitrariamente. Embora não estejam completamente livres, continuaremos trabalhando pela plena liberdade deles e de todos os presos políticos", declarou Andreína Baduel, responsável da Clippve, referindo-se ao fato de essas pessoas estarem em liberdade condicional, geralmente sob sigilo e com a obrigação de se apresentar regularmente aos tribunais.
A AFP solicitou detalhes sobre as solturas ao Ministério Público, mas não obteve resposta. Segundo familiares, os detidos estavam na penitenciária de segurança máxima de Tocorón, a 134 km de Caracas, que serviu de base durante anos para o temido grupo Tren de Aragua.
Também foram reportadas solturas em outras prisões. "Devemos lembrar que são mais de mil famílias com presos políticos", destacou Andreína, filha do general falecido Raúl Isaías Baduel, antigo colaborador do presidente Hugo Chávez. O militar morreu na prisão, em 2021.
Existem pelo menos 902 "presos políticos" na Venezuela, segundo a contagem mais recente da ONG Foro Penal.
A.Senn--NZN